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segunda-feira, 30 de abril de 2012
GENOCÍDIO DE SREBRENICA. CONFERÊNCIA DE SETEMBRO. DIVERSITAS USP.
“Sead Hotić e sua esposa viviam em Srebrenica, onde Sead trabalhava. Uma de suas paixões era a ficção científica, e na aposentadoria tentou escrever de próprio punho um romance. Quando a guerra começou, Kada e Sead foram separados da filha, Lejla, que estudava em Tuzla. Eles sentiam muito a sua falta, e quando descobriram que ela havia casado e estava grávida, Sead não pôde conter as lágrimas. Quando Srebrenica caiu, um joelho em mal estado o impediu de andar até Tuzla. Enquanto esperavam na base holandesa, Sead estava em silêncio, e tocava repetidamente os ombros de Kada ‘como se soubesse que estava prestes a morrer’. Quando o casal tentou embarcar junto em um ônibus, um soldado sérvio colocou uma arma na cabeça de Sead e o levou’. Em frente à história, estava um relógio, encontrado na mesma vala coletiva onde parte dos restos mortais de Sead Hotić estava. Ele nasceu em 1939 e tinha 56 anos quando Srebrenica foi invadida. Pela idade, é pouco provável que fosse um soldado em potencial. Morreu por ser de uma etnia e religião diferente. Eis o princípio do genocídio.”
(SILVA, Gustavo, “Da Rosa ao Pó – Histórias da Bósnia pós-genocídio”, p.185, Tinta Negra Bazar Editorial, 1ª edição, Rio de Janeiro, 2011).
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